quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Tempo de Mudança

Por vezes é necessário uma reviravolta na nossa vida, para nos dar-mos conta que afinal estivemos sempre a evitar o inevitável. Talvez por medo, talvez por conformismo...
Na verdade é que desde há uns anos para cá, tenho andado a questionar a minha vida, a relação que tenho com os outros, a minha educação, o que realmente preciso.
Vivi toda a minha vida com restrições. Primeiro por parte da minha mãe, que me restringia de pensar, escolher por mim própria, de achar sempre que o que era melhor para mim era o que ela pensava, e não o que eu desejava. Assim vivi durante anos, tentando a cada dia alcançar o que mais desejava... a minha liberdade... liberdade para viver a minha vida, para pensar e agir em coerência comigo própria, a errar mas levantando a cabeça com a sensação de que com os erros estaria a crescer. Foi esta força de vontade de libertação, que me fez agir como agi na altura. Pensei que com o casamento, estaria a "desamarrar as cordas maternas" e que finalmente estaria livre, mas ... não... apenas adiei a minha libertação, fiquei de novo presa... mas contudo achei que com o passar dos anos iria ter, de certa forma, a minha liberdade. Liberdade para pensar, agir, fazer as coisas que tanto amo, mas neste casamento encontrei de novo a restrição, o medo, o controlo... e fui ficando... calada... amargurada, fazendo transparecer aos outros que estava tudo bem, que era feliz. No fundo fui feliz, porque me conformei à minha sorte, à vida que tinha, porque no fundo eu estava habituada a que tudo fosse desta forma e não de outra.
E fui adiando sonhos, projetos... fui-me anulando em prol de satisfazer a necessidade dos outros em vez de me satisfazer a mim mesma. Fui a esposa perfeita, a mulher que os outros cobiçavam, porque eu era passiva. e as pessoas olhavam para mim e viam essa mulher... que nunca dizia "não", "basta", porque mesmo não concordando eu dizia sempre que sim, porque evitava chatices, aborrecimentos... e não dava conta do quanto eu me fazia sofrer... do quão magoada eu estava, e fui ficando assim... triste, sem horizonte, sem amor próprio. Fui habituada a ser assim, desde muito pequena, a agradar aos outros... então e eu?? Porque tenho de agradar aos outros deixando de ser eu mesma??
Neste momento, cheguei ao meu limite, já não aguento mais... chegou a altura de dizer basta. e com tudo isto dei conta que no final de tudo, acabei "casada com a minha mãe", porque a minha vontade de fugir era tanta que acabei por me aprisionar ainda mais.
Neste momento estou a viver um "pequeno inferno", porque decidi dizer, "não", "basta" não consigo mais. As pessoas acham, contudo, que esta minha mudança de atitude é sinónimo de (tem outro), mas não tem nada a ver com isso, simplesmente era algo que eu tinha necessidade de fazer há muito tempo e só agora ganhei coragem. Porquê só agora?? Não sei. Porque chegou a hora, porque tinha de ser agora, não faço a mínima ideia.
Como me sinto?? Leve, porque disse o que pensava... triste, porque estou a magoar pessoas de quem gosto...mas no fundo Livre... livre desta minha vida de faz de conta.
Amei o meu marido? Sim. De uma maneira singular, pois o meu casamento foi por amor, não o amor da minha vida, mas um amor calmo, tranquilo, mas o facto de me ter aprisionado tanto fez com que esse amor acabasse, ficando apenas a amizade, o companheirismo... chegará para manter um casamento? Acho que não. Também é necessário mas não sei se chega para continuar.
Se venho aqui abrir o meu coração desta forma é porque necessito mesmo, de expressar aquilo que sinto, senão rebento.    
Normalmente tenho sempre um conselho a dar a quem lê este meu pequeno cantinho da escrita, hoje tenho apenas o meu desabafo...deixando no entanto uma mensagem: Nunca se anulem em prol de ninguém, pois mais cedo ou mais tarde isso irá magoar-vos muito mais. Não deixem os outros gerirem a vossa vida, mesmo que esse alguém seja muito próximo de vós...aceitem os conselhos mas sigam o vosso coração. eu deixei que os outros o fizessem e vejam agora a minha situação.
No entanto não sinto que é o fim, mas sim uma nova chance, um novo recomeço, um recomeço para o meu eu, e por mais que isso faça sofrer os outros tem de ser feito, senão não poderei viver comigo mesma.
Só o tempo poderá dizer como terminará e como começará esta nova fase da minha vida...mas uma coisa poderei garantir...nunca mais será como antes. Porque agora sou mais eu, e aquela mulher submissa decidiu deixar de o ser, as coisas vão mudar e vou aceitar as mudanças, sejam elas quais forem.

Até Breve

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